domingo, 7 de setembro de 2014

E-LE-FAN-TE

Manhã de domingo, acordo feliz com mais uma vitória do Grêmio em um Maracanã lotado. Motivo mais do que suficiente para vestir com orgulho a minha camisa tricolor. Faço o mesmo com o meu filho de cinco anos que ao me ver sorri e diz:

- O "Guemo" ganhou!

Ambos fardados com o manto tricolor, vamos até a padaria perto de casa como sempre fazemos aos domingos. Chegando lá, me dirijo para pegar o jornal, enquanto ele, como de costume, corre para as guloseimas. Entre salgadinhos, chocolates e balas o escuto gritar:

- Olha pai, um "caco"!

Entrei em pânico e antes mesmo de ir até ele, já o repreendo. Afinal era o meu filho, vestindo uma camisa do Grêmio e usando a palavra "macaco". A lembrança dos recentes acontecimentos vieram como uma avalanche na minha cabeça. O medo de que alguém pudesse ter escutado me deixou aterrorizado. 

Porém, ao encontrá-lo fiquei completamente sem reação. Vi meu filho de cinco anos me olhando, agora com cara de choro por eu ter gritado com ele e segurando um simples pacote de bolachas. Com a voz triste e quase que me pedindo desculpas ele aponta o pacote na minha direção e pergunta:

- Não é um "caco", pai?


O filho não é meu, apenas relato uma história para mostrar que nem tudo é um ato de racismo. Não podemos generalizar, pois há "macacos" e há "cacos". Aquele que coloca tudo no mesmo saco é dono de uma hipocrisia sem tamanho e em nada contribui para solucionar o problema do racismo no Brasil. Problema esse que nem de longe é só dos gremistas, embora se necessário, vamos começar a resolvê-lo. Aceitamos a missão.


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