O final de semana deste mero cadeirante foi mais uma vez dedicado a uma prova de concurso público. Sinceramente, achei que após tantas postagens sobre o assunto, não teria mais nada para acrescentar. Deveria ser assim, mas tudo funciona diferente quando se tem uma parte extra incorporada permanentemente ao corpo chamada cadeira de rodas.
Primeiramente, uma surpresa. Como sempre, me inscrevi como deficiente e fiz as exigências de costume: uma sala térrea (afinal já passei o aperto de fazer prova no segundo andar e encontrar o elevador desligado), auxílio para o preenchimento do cartão de respostas e da redação, tempo adicional e um computador. Ah sim! A surpresa ficou por conta de uma ligação do CESPE (Banca organizadora), na quinta-feira, confirmando as exigências. Uma novidade, jamais haviam feito isso, gostei. Porém, nem tudo que pedi foi atendido. Não deixaram usar um computador e nem o tempo extra de uma hora.
A banca afirmou não ser necessário o computador por eu não ser deficiente visual. Ok, mas com o computador, consigo digitar normalmente uma redação, com o mesmo tempo utilizado pelos demais candidatos. Sem ele, preciso fazer o rascunho (eu consigo escrever, mas devagar), e depois ainda ditar ao fiscal, letra por letra, vírgula por vírgula, acento por acento para que ele transcreva no cartão de respostas definitivo. Isso demora cerca de uma hora, exatamente o tempo que solicitei e também tive o pedido negado, paciência.
Aliás, vale uma ressalva: como no final eu tenho que ditar as respostas, faço a prova em uma sala individual. O que chamou atenção desta vez foi a quantidade de fiscais. Foram três, apenas para me vigiar. Qual seria o medo deles, que eu saísse correndo no meio da prova? Meio improvável.
Na prova, nada demais, tudo correu tranquilamente. Pelo menos pra mim, pois assim que terminei e cheguei em casa, fiquei sabendo que o concurso tinha sido cancelado. Um dos locais de aplicação da prova teve um desabamento parcial do teto. Pessoas saíram antes do permitido com a prova, outras se jogaram do segundo andar com medo de uma tragédia maior... enfim, uma confusão que acabou resultando no cancelamento. Agora me resta aguardar a nova data e torcer para que tudo ocorra dentro da normalidade, sem teto desabando e sem a banca atrapalhar a vida de mais deficientes.
"Don't
cry over the past, it's gone. Don't stress about the future, it hasn't
arrived. Live in the present and make it beautiful."
Na vitrola:
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