sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Que deselegante

Ok, eu não sou normal. Já me disseram isso várias vezes. Um dos motivos para me considerarem assim é um assunto que incomoda muita gente, ou no mínimo assusta: a morte, mas que para mim, é algo absolutamente normal e natural. Eu, de uns tempos pra cá, passei a compreende-lá. Acredito que isso facilitou muito a maneira de lidar com ela. A não ser é claro por um "ritual" que, apesar de fazer parte da morte, ainda conta com a minha incompreensão, o velório.

Será que sou só eu que acho o velório no mínimo desnecessário? Nasci em uma cidade pequena e, quando criança, pensava se tratar apenas de um costume de cidades do interior, doce engano. Sempre achei estranha a tradição de ficar ali parado, por horas, olhando um defunto dentro de um caixão. O argumento que o momento do velório é para os parentes e amigos se despedirem, a mim não convence. Qual pessoa em sã consciência pode gostar de, depois de morto, ser exibido por horas, com aquela cara pálida, para que as pessoas se despeçam? Não consigo entender. Se o caixão ficasse fechado, até seria aceitável, assim a imagem que ficaria na memória seria a da pessoa viva e não morta.

Meu repúdio ao velório é tão grande que resolvi pesquisar o assunto. Minha intenção era arrumar uma fonte, um argumento para tentar diminuir o meu asco por tal tradição e quem sabe assim, me tornar mais "normal", porém, o efeito foi o oposto.

Acebei descobrindo que o ato de velar uma pessoa surgiu porque, antigamente, usavam-se pratos e copos feitos de estanho e em contato com alguns alimentos e bebidas, o material oxidava, causando assim a morte por envenenamento. Porém, em algumas pessoas, essa morte não era bem uma morte, as vezes as pessoas ficavam apenas "apagadas" temporariamente. Ou seja, ao ver a pessoa esticada no chão, recolhia-se o corpo e preparava-se o enterro. Na dúvida de estar vivo ou realmente morto, o corpo era então colocado sobre uma mesa por alguns dias e os familiares ficavam em volta, comendo, bebendo e esperando para ver se o "morto" acordava ou não, para então ser enterrado.

Pronto, está explicado o porquê do velório. Antigamente, eles tinham um motivo pra lá de razoável para fazê-lo. Afinal, não deve ser nada agradável ser enterrado vivo. Mas voltando a atualidade, se não ficamos ali olhando o morto na esperança de que ele ressuscite, qual a razão de fazermos tal cerimônia?

Continuo com meu repúdio a tal tradição, pois acredito ser muito mais agradável a lembrança da pessoa em vida do que depois de morta. Aliás, desde já deixo avisado: se fizerem um velório para mim, volto para assombrar um por um dos que estiverem presentes. Brincadeirinha... ou não.

"I would rather walk with God in the dark than go alone in the light."
Mary Gardiner Brainard

2 comentários:

Anônimo disse...

rsrsrs concordo, beeem deselegante.

Anônimo disse...

Fábio, adoro suas postagens,beijão.