sexta-feira, 27 de junho de 2014

Teve Copa

Com ingressos comprados há mais de um ano, fui assistir o jogo entre Brasil e Camarões no lindo e superfaturado estádio Mané Garrincha em Brasília. Quando comprei não fazia ideia que estaria morando no Rio Grande do Sul, mesmo assim tudo correu bem.

Avaliando o que interessa... EU NÃO LEVANTEI da cadeira de rodas. É claro que digo isso brincando, teve gente que levou muito a sério e achou desrespeitoso publicar a foto de uma possível deficiente em pé diante de uma cadeira de rodas num estádio. Ora, eu sei que existem deficientes que levantam, mas não andam. A crítica foi aos que usam tal artifício sem precisar das vagas para deficientes, e acreditem, muitos fazem isso. Devemos sim ter cuidado ao criticar alguém em pé diante de uma cadeira, andar não significa que a pessoa não precise daquele lugar reservado. Porém, o outro lado, o dos picaretas, também existe. Eu mesmo recebi propostas pelos meus ingressos, que eram exclusivos para a área de deficientes e até pelo aluguel da minha cadeira. Existem deficientes que andam? Claro que sim, assim como existem pessoas desonestas.


Quanto a infra-estrutura prometida, tudo perfeito, ou quase isso. Vejam bem, me refiro aos trechos que precisei percorrer: aeroporto, estádio, estádio, aeroporto. Em Porto Alegre, aeroporto lindo, decorado a caráter para receber os visitantes. Porém, o aeroporto de Brasília (foto acima) ficou incrível, jamais imaginei ver algo assim no Brasil ainda mais para esta Copa. Nem todas as áreas estão prontas, mas a maioria sim. Ficou parecido com aeroportos dos EUA, tudo muito limpo, fácil e prático. O problema ainda são os brasileiros. Vi pessoas deixando carrinhos de bagagem no meio do caminho e outras jogando lixo no chão, triste. As obras fora do aeroporto também facilitaram bastante o trânsito, mesmo que o transporte público da capital ainda deixe a desejar.

No estádio tudo certo também, a FIFA sabe organizar as coisas de maneira exemplar, já havia visto isso na Copa das Confederações em 2013. Fiscais, orientadores e policiais eram vistos por todas as partes. Cheguei de carro e não tive dificuldade alguma em encontrar o meu lugar. Porém, achei uma grave falha na segurança, passei no detector de metais e a cadeira, como sempre, apitou, mas ninguém veio conferir se eu portava uma arma, faca ou um danoninho no bolso. 

Dentro do estádio, novamente as pessoas teimavam em não respeitar o espaço destinado aos cadeirantes. Ao chegar no meu lugar, dezenas de pessoas estavam ao redor dele em pé e isso impede a visão de quem está na cadeira. Pedir uma, duas, três vezes para a pessoa sair dali acaba eliminando qualquer dose de paciência que alguém possa ter. Nestes novos estádios todos os lugares são marcados, porque é tão difícil cada um sentar no seu? Um ponto negativo do estádio é a barra que fica na frente dos lugares para deficientes, ela atrapalha um pouco a visão do campo.

Resumindo, a experiência valeu muito a pena. Quem tiver a chance de ver um jogo de Copa do Mundo, vá. Independente do jogo ou das seleções em campo, o evento em sí faz tudo ser diferente. Aos apaixonados por futebol como eu, que sempre viram tudo pela TV, nada se compara a estar lá, no estádio, vendo tudo de perto. Afinal, só Deus sabe quando teremos outra Copa por aqui.

Ah sim! Uma coisa importante. Ir para os jogos e gostar de ver uma Copa do Mundo sendo realizada no Brasil não significa que eu seja um alienado e que apoie toda a corrupção existente em nosso país. Não concordo com o dinheiro gasto nos estádios e muito menos que se deixe de investir em saúde ou educação para que a Copa seja feita, mas quero sim ver eventos como este no país. Agora, se não conseguimos proporcionar os dois, Copa e uma saúde ou uma educação de boa qualidade, por exemplo, não é por falta de dinheiro (basta ver o que pagamos de impostos) e sim por falta de competência dos nossos políticos. E sabe da maior? Quem os elege somos nós, então façam o favor de criticar quem está no poder e vote direito nas próximas eleições. Isto será muito mais útil do que ficar com a bunda na cadeira, em frente ao computador e pregando contra quem foi na Copa.

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