domingo, 7 de julho de 2013

O gênio não é mais indomável

HUMILDADE
s.f. Ausência completa de orgulho.
Rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito: praticar a humildade.
Modéstia, pobreza: apresentou-se na humildade de seu trajo.
Com toda a humildade, tão humildemente quanto possível.

Como um fã de esporte, segui a minha rotina em dia de lutas e madruguei à espera do confronto entre Anderson Silva e o americano Chris Weidman. Quase duas da manhã quando a expectativa aumentou, o brasileiro, o qual aprendi a gostar por sua genialidade e facilidade para derrubar adversários, entrava no octógono. Desde que estreou no UFC, Anderson jamais havia perdido, foram 17 vitórias, das quais 10 em lutas defendendo o título.

Dentre as inúmeras vitórias, muitas delas foram com um estilo peculiar de luta, onde o Spider, como é conhecido, por vezes baixava a guarda e deixava o adversário bater, quase um menosprezo. Era como se tentasse mostrar que ninguém o derrotaria, que ele estava muito acima dos demais lutadores, e o mundo o adorava por isso. Ao final das lutas, palavras como "gênio", "mito" e "imbatível" eram facilmente ouvidas ao se referirem ao brasileiro.

O UFC é reconhecidamente um evento, quase um teatro, onde declarações pré-luta são feitas para inflamar o público e os cofres e elevar a expectativa. Ao final, lutadores ensanguentados se beijam e abraçam como se não houvesse amanhã e nada tivesse sido dito. Sem problema, o público sabe e adora, mesmo que as vezes sejam cometidos certos exageros (quase sempre pelo falastrão Chael Sonnen).
Para a luta entre Anderson e Weidman não houve nada polêmico. Anderson como sempre aparentava confiança, afirmava que Weidman seria apenas mais um na sua lista de derrotados. O americano, por sua vez, enchia a boca pra afirmar que ele, até então invicto, seria o mais duro oponente do brasileiro. Tudo normal, de polêmico nada foi dito.

Comentaristas e lutadores das mais diversas partes do mundo concordavam com Weidman e diziam que, pela primeira vez, alguém poderia realmente ameaçar a hegemonia de Anderson Silva. O brasileiro por sua vez parecia não ter lido nem escutado nada disso. Anderson estava em um mundo à parte, no qual nocautearia seu oponente na hora que bem entendesse.

Só que, desta vez, até os admiradores do estilo "brincalhão" do brasileiro estavam achando um tanto quanto exageradas as provocações. Ao final do primero round, Anderson continuava a falar e chamar Weidman para a briga. O americano seguia compenetrado, com olhar fixo e sem sequer abrir a boca para responder as provocações. O segundo round começou da mesma forma, mesmo enfrentando o que muitos apontavam como o mais difícil dos adversários, Anderson seguia brincando, até que merecidamente apagou.

Ao exagerar, o brasileiro provou pela primeira vez não apenas o gosto da derrota no UFC, sentiu também o gosto mais do que amargo de ser humilhado. O estilo, antes ovacionado pelo mundo, passou a ser motivo de piada, faltou muita, mas muita humildade ao brasileiro. Brincar com o adversário faz parte, mas ao fazer isso anteriormente, os oponentes não eram tão qualificados e Anderson o fazia esporadicamente durante a luta. Desta vez foi o tempo inteiro, ele sequer tentou lutar e Weidman não é qualquer um. Mereceu vencer.

O pior não foi a derrota, perder faz parte e é do esporte, mas antes de desrespeitar o adversário, Anderson ridicularizou seus fãs, sejam eles brasileiros ou não. Ao final da luta eu estava perplexo, sem reação. Não conseguia acreditar no que estava vendo, um sentimento de vergonha surgiu imediatamente. Anderson jogou no lixo tudo o que havia conquistado com muito suor, sua história ficará manchada para sempre. Anderson Silva faltou com respeito aos que o admiravam e a palavra "gênio", tão comum ao final de suas lutas, deu lugar a palavra "vergonha"
O esporte brasileiro sofreu um duro golpe, os fãs foram nocauteados pelo seu maior ídolo. Lamentável Anderson, lamentável.

"One day, you'll be just a memory for some people. Do your best to be a good one"

*Se quiser ver apenas o fiasco final, adiante para o sétimo minuto.

Nenhum comentário: