quarta-feira, 8 de maio de 2013

Vencido pela "burrocracia"

Sabe quando você coloca um objetivo na cabeça, planeja tudo com antecedência, resolve se dedicar exclusivamente a ele e de repente descobre que seus planos foram todos por água abaixo e não por culpa sua? Pois é, esse é mais ou menos o enredo desse deficiente que vos escreve e que, após estudar por meses para um concurso, há menos de duas semanas para a realização da prova descobre que teve sua inscrição indeferida por um motivo banal. Bem vindos a mais uma história que teria tudo para ser cômica, não fosse trágica (pelo menos pra mim).

Há pouco mais de um ano, resolvi me dedicar a consursos públicos. O motivo é simples, como deficiente, a dificuldade em se encontrar emprego é enorme. Preconceito e falta de conhecimento sobre a capacidade e as reais dificuldades de cada deficiente são alguns dos “problemas” alegados. Pois bem, objetivo estabelecido, passei a me dedicar aos estudos, já fiz vários concursos, com as mais variadas bancas organizadoras. Passei em alguns, mas não assumi, as vezes por motivos pessoais e outras por não conseguir realizar a “simples” tarefa de correr alguns quilômetros.

Porém, a maior dificuldade que tenho encontrado nos concursos não é, nem de longe, no conteúdo das provas, mas sim para conseguir me inscrever como deficiente. A burocracia é grande: laudos, comprovantes e esmiuçar os equipamentos especiais para fazer a prova são alguns dos itens que normalmente dificultam a inscrição. Ok, como sempre digo, regra é regra, e se elas existem, são para todos e devem ser cumpridas.

O problema, no meu caso, tem sido sempre com o envio do laudo médico, item comum e requisitado em todos os concursos. Algumas questões específicas ao enviá-lo: ele deve ser original ou uma cópia autenticada e ter sido expedido há uma data não superior a seis meses. Ser original ou uma cópia autenticada não gera o menor problema, o que dificulta é sempre o maldito prazo de seis meses.

Os meus laudos sempre foram emitidos pelo Sarah, que, por sua vez, pede um prazo mínimo de 30 dias para fornece-lo e é aí que começa o problema. Por quê? Tentarei explicar. Quando é lançado um edital de concurso, geralmente eles dão um prazo para se fazer a inscrição também de 30 dias (período entre o lançamento do edital e o fim das inscrições) e por mais que eu faça previsões de quando esse edital será lançado, as vezes não tenho em mãos, um laudo original e com data de expedição não superior a seis meses. Fato que me obriga a recorrer ao Sarah e solicitar um novo laudo, que nem sempre chega a tempo, me obrigando a enviar, por ventura, um laudo “vencido”.

Lei de Murphy
Já enviei laudo vencido uma vez e mesmo irregular a banca aceitou, mas desta vez (no concurso da ANVISA, organizado pela banca Cetro), justo em um concurso que resolvi me dedicar seriamente e estudar as matérias chatas específicas, a banca negou e indeferiu a minha inscrição. 

E agora, José? Só me resta lamentar. Entrei em contato com a banca que disse não ser mais possível enviar um novo laudo e reverter a situação, então, paciência. Por um momento fiquei com muita raiva, afinal estudei por meses especificamente para o concurso e agora não utilizarei tal conhecimento, mas como conhecimento nunca é demais, deixei de lado. Bola pra frente, pelo menos agora eu sei alguma coisa sobre a Lei do SUS, regras básicas de vigilância sanitária e como a realidade brasileira é bem diferente da que as Leis ditam.

A solução
Ok, a banca exige e por mais que eu discorde da exigência do prazo de seis meses de validade do laudo, só me resta concordar ou não fazer o concurso. Como me inscrevi, só me restava cumprir a regra. O que questiono é a dificuldade e o tempo exigido pelo Sarah para emitir um simples laudo médico, que aliás já está pronto, pois já solicitei diversas vezes. Basta apertar um botão, imprimir e o médico assinar. Acredito que para todo esse procedimento não se utiliza nem cinco minutos. Por que então pedir 30 dias? Mais uma vez volto a afirmar, respeito as regras e regulamentos das bancas organizadoras e também do Sarah, mas algumas vezes (como neste caso do laudo) fica difícil compreender o por que de tanta burocracia. 

Estou escrevendo este texto minutos após saber do cancelamento da minha inscrição e por isso, desde já peço desculpas por eventuais equívocos, mas 30 dias para apertar um botão e assinar um laudo médico é no mínimo uma grande PALHAÇADA.

Ah! Estou quase desistindo desta vida de concursos, pelos mais diversos motivos. Se alguma alma caridosa estiver disposta a contratar um jornalista deficiente (mas eficiente) favor entrar em contato. Garanto que trabalho direitinho, não mordo e nem faço xixi no chão.

"Don't quit because something went wrong…quit because you tried your hardest and nothing made it better"

Na vitrola:

 


Um comentário:

Profª Elisa Olimpio disse...

Fábio, passo pelo mesmo "sofrimento" dos laudos para concurso público. Minha deficiência é irreversível e não entendo o porquê de laudos a cada 6 meses.
Se alguém que não é deficiente for fraudar um concurso público, alegando deficiência-física, não é o prazo de 6 meses que o impedirá.