sexta-feira, 19 de abril de 2013

Anos passam e o desrespeito continua

Lembram da saga do desconto? Pois é, não consegui o benefício, tudo por não ter cumprido a risca o procedimento das companhias aéreas que diz que, antes de comprar a passagem é necessário solicitar o desconto via email e com o MEDIF. Eu fiz o inverso e por isso perdi a chance, serve de alerta para a próxima vez. O que tiro de lição dessa verdadeira saga é que é feito de tudo para que não se consiga o desconto, portanto, recomendo seguir detalhadamente o que eles ditam. 

Hoje o assunto ainda está nos aeroportos, mas em outro departamento: o da falta de acesso aos deficientes. Dentro dos aeroportos, geralmente não existem dificuldades: banheiros, elevadores, rampas... tudo quase sempre atende as necessidades. O problema começa quando chega a hora de embarcar no avião, problema aliás que eu já havia relatado aqui há mais de um ano, conforme mostra o vídeo abaixo.


Quando o avião é direcionado a um portão com os chamados “fingers”, não há qualquer problema no acesso. Porém, nas últimas três vezes em que viajei, em Brasília, não tive esta felicidade. Não sei se por reforma ou simples azar, mas o avião foi sempre direcionado a um portão sem o finger, fazendo com que os passageiros embarcassem pela velha escadinha. 

Tudo tranquilo pra quem anda, mas e os que não possuem tal habilidade? Deficientes físicos, visuais, idosos, gestantes... todos sofrem. É aí que deveria surgir o Ambulift, que nada mais é do que o “remédio” para quando não se tem um finger disponível. O Ambulift é uma espécie de carro/elevador que leva as pessoas do chão até a porta dos aviões. Ótimo, não fosse a precariedade dos Ambulifts disponíveis, em Brasília por exemplo, existe apenas UM! Infelizmente, a falta desses carro/elevadores não é uma particularidade do aeroporto de Brasília. 
Avião com finger e a escada utilizada na falta dele.
Normalmente, os deficientes são os primeiros a entrarem e os últimos a saírem do avião, tudo justamente para não atrasar o embarque dos demais passageiros. Porém, desta vez e pela falta de Ambulift, fui o último a entrar, mais de 40 minutos depois que todos já estavam acomodados, atrasando a decolagem. Em Porto Alegre, tanto na chegada quanto na saída, tive a sorte de usar o finger, mas na chegada, mais uma vez em Brasília, tive que ficar no avião por cerca de 30 minutos aguardando a disponibilidade de um meio de me tirarem do avião.

O menor dos problemas
Infelizmente, o atraso parece ser o menor dos problemas. Pesquisando sobre Ambulifts, me deparei com diversos casos de acidentes envolvendo deficientes e esse peculiar meio de acesso as aeronaves. Um dos mais graves ocorreu em São Paulo, no ano de 2010, envolvendo um senhor de 71 anos que havia sofrido um AVC e estava voltando de Brasília após fazer tratamento no Sarah. 

Em uma freada brusca do Ambulift, o senhor foi arremessado dentro do veículo, bateu a cabeça e teve que ser internado, em coma. Segundo os relatos da matéria na Folha de São Paulo: “Uma funcionária da Gol segurava a cadeira de rodas. Na pista, o ambulift freou bruscamente e a funcionária da Gol caiu sobre a cadeira de rodas. A cadeira tombou e senhor bateu a cabeça. Ele foi levado ao hospital onde ficou na UTI em estado grave. Segundo o hospital, o paciente teve traumatismo cranioencefálico”.
 
Ambulift para auxílio no embarque de pessoas com deficiência.
Quando eu usei o Ambulift, nesta última vez, também me senti um tanto desconfortável e inseguro. Cada curva é uma nova emoção, me senti quase que em uma montanha russa, é realmente angustiante. A cadeira é presa e travada nas rodas por cintos de segurança, mas que não passam a menor segurança. Uma ressalva importante: segundo as normas, a responsabilidade pelos Ambulifts é da Infraero e não das companhias aéreas, embora algumas até tenham os seus próprios veículos.

O que dizem as autoridades
No mês de março, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) realizou um levantamento para descobrir quais os principais problemas de acessibilidade nos aeroportos brasileiros, mais especificamente nas cidades sedes da Copa do Mundo de 2014 (Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife). A conclusão foi assustadora, pois NENHUM dos aeroportos está de acordo com a lei e normas de acessibilidade vigentes

Eis os principais itens que os aeroportos precisam resolver:
1. Carência de Ambulift ou equipamentos similares: é insuficiente o número de Ambulifts nos aeroportos.
2. Falta de acessibilidade em ambientes concedidos: falta acessibilidade nos restaurantes, lojas, balcões, entre outros espaços dentro dos aeroportos.
3. Falta de acessibilidade na comunicação e prestação de serviços: nos balcões de informação faltam atendentes e materiais qualificados para informar a pessoa com deficiência, como funcionários que saibam libras e informativos em braile.
4. Inexistência de piso tátil e sinalização: falta piso tátil e sinalização apropriada para indicar o caminho até este balcão.
5. Falta acessibilidade nas áreas externas dos aeroportos: faltam calçadas acessíveis nos estacionamentos e acessos aos terminais.

Para os que quiserem saber mais sobre a acessibilidade nos aeroportos, o site da Infraero tem algumas questões interessantes.

"A felicidade não está em viver, mas em saber viver. Não vive mais o que mais vive, mas o que melhor vive"
Mahatma Gandhi
 
Na vitrola:

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