sexta-feira, 29 de junho de 2012

Acessibilidade na Copa 2014

Opa, recebi algumas mensagem perguntando sobre como será o acesso para deficientes no estádio que está sendo construído aqui em Brasília para a Copa do Mundo de 2014. Confesso não ter lido nada em específico para o estádio de Brasília, mas de um outro estádio em particular tenho bastante informações que talvez possam ser úteis e servir como base. Talvez, eu disse: talvez.

O meu receio é baseado em recente depoimento do, agora Deputado Federal, Romário. Que em uma audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto na Câmara Federal falou sobre as obras voltadas para a acessibilidade nos estádios de 2014.

Agora, antes de exemplificar como será o estádio do Grêmio (o qual conheço muito bem), e que por sinal não fará parte da Copa, começo a justificar o porquê do meu "talvez". Segundo Romário, "Durante a audiência descobriu-se que o problema da acessibilidade nos estádios é maior do que se imaginava". Além da falta de banheiros e catracas adaptadas, rampas de acesso, visibilidade, entre outros, os estádios não irão respeitar a lei federal que exige que 4% dos assentos sejam destinados às pessoas com deficiência. O número exato de lugares preferenciais ainda não foi estipulado, mas aparentemente está mais próximo de ser o exigido pela FIFA, de apenas 0,01% dos assentos destinados às pessoas com deficiência.

Opa, opa, opa! 0,01%? Como assim? No Brasil, segundo o IBGE, aproximadamente 23% da população possui algum tipo de deficiência, ou seja, essa conta não está fechando, está no mínimo desproporcional. Nas copas anteriores, a FIFA disponibilizou de 0,2 a 0,3% dos assentos aos deficientes. O que equivale a, em média, 150 lugares. No Brasil, com a porcentagem de 0,01, serão em média apenas 70 lugares.

Mas calma, o problema não é só esse. Em 2011, a CBF se comprometeu a doar 32 mil ingressos para as pessoas com deficiência assistirem aos jogos do mundial, o que corresponde a 500 pessoas por jogo. Ok, eu não sou um gênio da matemática, mas acho que tem mais um erro aí. Ou seria mais um problema de lógica? Como colocar 500 deficientes em um estádio que só comporta 70 deles?

Arena do Grêmio
Agora sim, vamos ao exemplo correto. Aliás, correto, acredito eu, por que a diretoria do clube abriu as portas e realizou inúmeras reuniões com torcedores deficientes. Que, na minha opinião, é a melhor maneira de se ter um espaço completamente acessível.

Com 4 andares, o estádio gremista disponibilizará lugares acessíveis em todos eles. Na arquibancada inferior serão 60 lugares para pessoas com cadeiras de rodas e respectivos acompanhantes, sem obstáculos físicos. Aliás, uma das ressalvas feitas é que no estádio inteiro não haverá sequer um degrau. Ainda no mesmo andar, serão mais 44 lugares para obesos e 66 para pessoas com mobilidade reduzida.

Na arquibancada acima, acessando por elevadores, serão 40 lugares para cadeirantes e respectivos acompanhantes, 20 para obesos e 40 lugares para pessoas com mobilidade reduzida. Os portadores de necessidades especiais também poderão acessar os camarotes através dos elevadores. Ao total, incluindo acompanhantes, serão mais de 300 lugares reservados no estádio.

Depois alguns se revoltam quando digo que o Brasil não é um país sério. Mas como explicar que o estádio mais acessível, até então do país, não fará parte do Copa 2014? Juro por Deus, eu ainda vou virar político. Aliás, parabéns ao Romário pela atuação em defesa da acessibilidade. Só é uma pena que ele faça parte de uma minoria.







"If it's important to you, you'll find a way. If not, you'll find an excuse"

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