quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cada um com seus problemas

Hoje vi uma manchete que me chamou bastante a atenção, por motivos óbvios: "Jovem que ficou tetraplégica após acidente em piscina fica sem comer até a morte". O caso é muito parecido com o meu pelo modo do acidente, mas também pela idade. Christine Szymanski, americana, tinha 25 anos quando mergulhou em uma piscina e acabou ficando tetraplégica, em 2005, um ano antes do meu acidente.

O fato é que seis anos depois, Christine resolveu dar um fim aos problemas de sua limitação. Como? Acabando com a própria vida. Porém, antes de tal decisão ela partiu para o lado ativista que quase todo cadeirante parte e lutou, entre outras coisas, pelas pesquisas com células-tronco.

Porém, com o passar do tempo a gente se cansa de dar soco em ponta de faca. É angustiante perceber a nossa incapacidade de fazer alguma coisa quando o objetivo final é muito maior do que nós. Digo isso não só pelas células-tronco, mas também pelo o exemplo das campanhas de acessibilidade que encontramos pelo Brasil. Por mais barulho que se faça, nada é resolvido, nada muda.

Para Christine o cansaço veio em forma de desistência. Foi quando começou a se informar sobre o suicídio assistido. Ela fez duas avaliações psicólogicas, consultou-se com diversos médicos e visitou advogados. No fim das contas, com a aprovação de quase toda a família, resolveu simplesmente parar de se alimentar até a morte, num processo que durou dois meses. Ela faleceu em 1º de dezembro de 2011.

A jovem também tinha um blog, o "Life Paralyzed", onde relatava toda a sua história e motivos por fazer o que fez. "Eu me faço a pergunta: Será que realmente vale a pena viver? Não pelas razões de qualquer outra pessoa, ou por qualquer outra pessoa em si, mas por mim. Eu já sofri o suficiente. Cheguei a um ponto que penso se eu não estaria só prolongando minha própria dor" escreveu Christine, em um trecho do seu blog.

Jamais devemos julgar alguém por suas atitudes. Se o que ela fez está certo ou errado somente ela ou no máximo seus familiares poderão saber. Cada um têm seus problemas, cada um sabe até onde os suportará, qual é o limite. Eu pensei ter atingido o meu limite mais de uma vez. Por algum motivo continue e vi que aquele ainda não era realmente o meu limite. Por isso, acredito entender perfeitamente todas as razões e os motivos da atitude tomada por Christine.

O que realmete gostaria é que ninguém julgasse as atitudes tomadas pelas pessoas, por mais drásticas que elas sejam. Se cada um cuidasse apenas dos seus problemas, com certeza eles seriam menores e o mundo um lugar bem melhor de se viver.

Clique aqui para ler a matéria.

"O que pode satisfazer uma pessoa, pode não satisfazer o outro. Ao contrário, o que pode parecer insuportável para alguns, pode parecer razoável para os outros"
Christine Szymanski

Na vitrola:

Um comentário:

Marina disse...

Eu só discordo desse fim "Se cada um cuidasse apenas dos seus problemas, com certeza eles seriam menores e o mundo um lugar bem melhor de se viver. "

Se cada um olhasse devagar pro problema do outro, eles ficariam um pouco menos pesados.


Que todo amor se transforme em força.


Bora Fabito!!!