sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Métodos e escolhas


Olá, graças ao blog, com frequência recebo mensagens de pessoas que passaram ou estão passando pelo mesmo tipo de problema que eu. Seja devido a uma lesão medular, graças aos mais diversos tipos de acidentes, ou devido a outros problemas, mas que também acabam deixando a pessoa em uma cadeira de rodas, ou com certa dificuldade de locomoção.

A pergunta mais comum que recebo é sempre sobre o Sarah, querendo saber a minha opinião, sobre o tipo de "serviço" oferecido por eles ou então o comparando com clínicas de fisioterapia. Bom, pra mim, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Ao falar do Sarah, uma frase que sempre aparece é a seguinte: "O Sarah apenas te ensina a viver em uma cadeira de rodas e não a sair dela".

Concordo e discordo, vou tentar explicar. Em primeiro lugar acho injusto dizer que o Sarah "apenas te ensina a viver na cadeira". Ora bolas! Isso já é um feito e tanto. Alguém tem dúvida da dificuldade que é viver em cima de uma cadeira de rodas? Principalmente nos primeiros anos de lesão, onde a simples tarefa de ir ao banheiro, vira uma verdadeira aventura cinematográfica. 

Portanto esse ensinamento recebido no Sarah é fundamental. No meu caso, que fui internado lá quatro dias após meu acidente, aprendi tudo que sei desta "vida sobre rodas" com os médicos, enfermeiros, professores e fisioterapeutas do Sarah. Quando digo tudo, é tudo mesmo. Tarefas como segurar um garfo, escovar os dentes, ir ao banheiro, tomar banho e até a mexer os dedos das mãos, mesmo sem ter este movimento. Essas são apenas algumas das coisas que aprendi e que me ajudaram muito a voltar, se não ao normal, bem próximo a isso. Sem essa ajuda, eu e minha família não saberiamos nem por onde começar.

- Mas Fábio, todos dizem que a fisioterapia no Sarah é fraca, que eles não incentivam a fazer, é verdade? Não, não é bem assim. Na época em que estive em ambos os Sarahs aqui de Brasília, seja o da Asa Sul ou o do Lago Norte, aprendi a fazer as mobilizações para não deixar a musculatura atrofiar, a trabalhar meu equilíbrio, a fazer vários tipos de exercícios, sem contar a prática de esportes, onde você acaba se divertindo e nem percebe a fisioterapia que está fazendo.

Quanto ao incentivo do Sarah para fazer fisioterapia em clínicas particulares, esse realmente eu não tive. Antes de ir ao Project Walk dos Estados Unidos, conversei com alguns profissionais que disseram não ser tão importante fazer esse tipo de fisioterapia de forma intensiva. A alegação tem um certo fundamento, afinal, apenas com a fisioterapia, a medula não irá melhorar mais rapidamente e te fazer andar do dia para noite, mas pode sim fortalecer a musculatura e ajudar o corpo a encontrar um caminho diferente para que o estímulo desejado chegue ao lugar certo.

Ou seja, fazer fisioterapia intensiva ou apenas os alongamentos básicos, vai depender de cada um, de como cada pessoa se sentir melhor. Eu me adaptei perfeitamente bem ao método do Project. Continuo fazendo e obtendo resultados que veem me satisfazendo. Mas se eu pudesse dar um conselho a todos os que recém tornaran-se cadeirantes, independente do motivo, o conselho seria: Procure o Sarah, e faça isso antes de procurar qualquer tipo de fisioterapia ou tratamento alternativo. 

Sei também que nem sempre, aliás na maioria das vezes, não é fácil conseguir uma vaga para ser internado no Sarah, mas não custa tentar. Afinal lá, com certeza, é o melhor lugar para se aprender a viver em uma cadeira de rodas. Depois disso, caso sinta a necessidade, busque uma forma em que você se adapte melhor, acredite e continue lutando com todas as suas forças para conseguir uma melhor recuperação. Mas jamais deixe de aproveitar todas as coisas boas que a vida lhe oferece, estando você em uma cadeira de rodas ou não.

"Somos livres para escolher nosso caminho e colhemos os resultados. Assim, entre erros e acertos, vamos evoluindo e aprendendo a viver dentro das leis espirituais que comandam a vida". 

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo o seu blog e, mais ainda, sua vida. É bem verdade que toda vida é linda, mas isso depende do modo como a conduzimos. E a sua, meu caro, a sua vida é belíssima. Beijos. *-*