Mais um dia, menos um problema

Opa, semana passada, minutos após postar sobre a minha espera para realizar o exame médico para poder tirar a carteira de motorista, meu telefone tocou. Era justamente do Detran, retornando para agendar minha perícia médica para o dia de hoje. Como combinado, lá estive, com uma hora e meia de antecedência. O primeiro da fila e certamente o mais angustiado para saber se poderia finalmente seguir em frente para conseguir a minha habilitação.

Antes, é claro, como todo bom cidadão que depende da burocracia brasileira, tive que pagar mais uma taxa, dessa vez no valor de 140 reais. Vale lembrar que na consulta anterior, já havia pago outras taxas para me examinarem, mas tudo bem, afinal era pagar ou pagar. Feito isso, ao entrar na "consulta", desta vez com três médicos (sendo um deles o mesmo que me atendeu na última vez), apenas respondi exatas três perguntas, sem ter ficado sequer dois minutos na sala.

- Como foi o seu acidente?

- Mergulho em piscina.

- Tem alguma força no braço?

- Sim

- Já viu algum modelo de carro adaptado?

- Vários, inclusive já até imagino qual adaptação será melhor para o meu caso.

E foi isso, exatamente isso. Tudo bem que eles precisavam saber se eu tinha condições de voltar a dirigir, mas era mesmo necessário agendar uma nova consulta para descobrir isso? Porque já não fizeram estas perguntas na primeira vez? Infelizmente, para mim, a resposta está clara. Para obrigar as pessoas a pagarem mais uma taxa. São estas coisas que atrasam o Brasil, que deixam o povo indignado (ou pelo menos deveriam ficar). Por aqui vale a lei do mais esperto, daquele que não perde a menor oportunidade de passar o outro para trás.

Bom, depois do desabafo, fiquei bastante feliz por terem me liberado. Assim que sai de lá, lembrei de como eu estava logo nos primeiros meses depois do meu acidente. Jamais imaginei que algum dia poderia voltar a dirigir. Na verdade nem preciso ir tão longe assim. Antes de ir ao Project Walk, também não imaginava poder fazer isso. Esse sempre foi um dos meus maiores sonhos e agora, aos poucos, está começando a sair do papel.

Mas só começando? É isso mesmo, hoje foi apenas mais uma etapa, mais uma fase concluída no longo processo para que um deficiente possa voltar a dirigir. Agora, com o laudo médico do Detran em mãos, preciso encontrar uma auto escola com carro adaptado, fazer algumas aulas e depois a prova prática. Se tudo der certo, ai sim, com a carteira pronta, passarei a fase seguinte, que é a de adaptar um carro, mas isso é assunto para o futuro, e se depender de mim, um futuro muito em breve.

"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito". 

Chico Xavier