terça-feira, 8 de julho de 2014

Está tudo bem?

Passado mais de meio ano, já pude notar algumas diferenças entre morar em uma cidade grande como Brasília e em outra pequena como Guaporé. A maior delas é a intromissão na sua vida, mesmo que as vezes de forma involuntária. Em uma cidade grande, se você vai a uma loja e compra um TV nova ninguém ficará sabendo, a menos que você conte. Em uma cidade pequena isso é algo impossível. Dependendo do caso, antes mesmo de entregarem a nova televisão na sua casa, o seu vizinho já saberá a marca, o preço pago por ela e até o seu gênero de filme preferido.

Sempre foi assim e estou convencido que isso jamais mudará. Aquela velha máxima de cada um cuidar da sua vida simplesmente não existe em cidades pequenas e quanto menor, menos privacidade você terá. Dias atrás me pararam na rua e perguntaram se eu havia melhorado. Estranhei, pois nem doente eu estava. A pessoa, não satisfeita, insistiu tanto na pergunta que acabou me convencendo que eu havia ficado doente. Por via das dúvidas saí dali direto para o hospital pra checar meu estado de saúde.

Outra coisa curiosa é que as pessoas fazem certas coisas nem sempre porque querem, mas sim para mostrar aos demais que ali estão, cumprindo aquele ritual tido como o correto. Estar em "eventos" na cidade é o ponto alto do dia de muita gente. Ir pra missa, frequentar certas lojas, bares... tudo isso fornece um vasto material para as fofocas do dia seguinte. É assim, sempre foi e pelo visto jamais mudará, as pessoas se agarram nos velhos costumes e não mudam por nada nesse mundo, é quase um medo de evoluir. Não quero ditar regras, longe disso, apenas estou relatando um ponto de vista, o de quem a muito estava fora e agora estranha tais atitudes.

Aliás, aqui cabe uma reclamação. Sabe quando você encontra alguém na rua e por ser de praxe ao comprimentar acaba soltando a pergunta "E aí, está tudo bem?", então, se você não está disposto a escutar os problemas da vida inteira daquela pessoa, jamais faça tal pergunta. Eu posso estar com os mais diversos problemas, mesmo assim a resposta será "Sim, tudo ótimo". Acredito que falar de problemas só atrai mais problemas. Se a pessoa não pode solucionar o seu problema, guarde ele pra você. Uma vez me propuseram um desafio, muito útil por sinal, tente ficar num diálogo sem falar de você, é dificílimo, mas com o tempo se torna possível.

Porém, por aqui as pessoas realmente têm a necessidade de te contar problemas. Todos tem os seus, uns maiores outros menores, mas contá-los aos demais, na maioria das vezes não os resolve, então guarde pra você e os resolva sozinho. Pedir ajuda é uma coisa, chorar as pitangas e fazer um dramalhão mexicano é outra bem diferente. Quer desabafar e contar seus problemas procure um psicólogo, ao menos ele é pago pra isso.

Não quero ser chato, isso tudo é apenas uma percepção de modos diferentes de agir que as pessoas tem em cidades distintas, com culturas e tamanhos diferentes. Porém, corrigir algumas atitudes e melhorar é sempre positivo, seja numa cidade grande ou pequena.

Obs.: não sei porque, mas achei a foto do Leonardo de Paula perfeita para o post ;)

Na vitrola:

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