sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Temos o direito de morrer?

Cada um que cuide da sua vida, pelo menos deveria ser assim. Mas e quando o assunto é a morte? Será que temos o direito de "escolher" quando será o nosso fim? De acordo com a justiça britânica: não. Meses atrás escrevi sobre o assunto através do filme Dr. Morte, que trata de uma história real nos EUA.
Desta vez, o caso é de Tony Nicklinson, 58 anos e pai de dois filhos, que sofre da síndrome do enclausuramento, uma condição neurológica que deixa o indivíduo paralisado, apesar de consciente. Tony ficou assim após sofrer um derrame em 2005. Desde então, ele diz que sofre fortes dores e que sua vida se tornou um "pesadelo".

Ao receber o pedido de Tony para morrer por suicídio assistido, o juiz Roger Toulson disse que se sensibilizou com o caso, mas que a justiça só pode interpretar e aplicar a lei da Grã-Bretanha e que caberia ao Parlamento alterar a legislação para auxiliar na morte de Nicklinson. Além de não permitir o suicídio assistido, o juiz lembrou que qualquer pessoa que ajude Tony a morrer, pode ser condenada por assassinato. 

Segundo Jane, esposa de Tony, o casal vai recorrer da decisão e caso tenha novamente o pedido negado, ele terá apenas duas opções: esperar morrer por causas naturais ou parar de comer e morrer por inanição. Jane afirma ainda que existe a possibbilidade de irem a Suiça (na clinica Dignitas), onde é permitido o suicídio assistido, mas o custo da viagem seria muito elevado.

A decisão que desapontou Tony, por achar que teria direito assim como de uma vida digna, de uma morte digna, também recebeu elogios. Como do grupo britânico Spuc, que faz campanha contra a eutanásia e aborto.

"Fico triste que a lei me condene a uma vida de indignidade e miséria crescentes." 
Tony Nicklinson

"Compaixão e solidariedade são respostas humanas e ternas à síndrome do enclausuramento. Legalizar o assassinato daqueles que sofrem afetaria muitas e muitas pessoas." 
Paul Tully (Spuc)

Ok, eu entendo ambos argumentos: o do juiz, que apesar de sensibilizado negou o pedido por não estar de acordo com a lei, e o de Tony, que deseja ter uma morte digna. Veja bem, eu disse que entendo, não que eu seja favorável a esse ou aquele. Isso deve ser pessoal e envolver uma avaliação muito mais profunda e espiritual de cada pessoa e seus familiares.

Agora eu tendo a discordar veementemente do Sr. Paul Tully. Afirmar, sem estar presente no dia a dia de Tony, que "compaixão e solidariedade são respostas humanas e ternas à síndrome", é quase absurdo. Isso não cabe a lei decidir e sim analisar caso a caso. Um bom exemplo é o do médico americano Jack Kevorkiam (o qual recomendo muito o filme "You Don't Know Jack"), onde cada caso era analisado individualmente. 

Leis a parte, acredito que assim como o direito à vida, o do direito à morte tem igual importância, e varia de pessoa para pessoa. Afinal, só quem passa por tal situação (conscientemente), tem a capacidade de saber e decidir o que fazer nessa situação.

Veja o momento em que Tony recebeu a notícia que seu pedido havia sido negado:                 
      
                   
                   
                   
                   
                   

Um comentário:

Leonardo de Paula disse...

Eu tenho medo de emitir qualquer opinião a respeito e ser apedrejado. Depois se quiser conversamos em particular e te explico meu ponto de vista :)

Abs