Melhor remediar do que prevenir?

Opa, recebi um e-mail que me chamou atenção. O assunto é sobre uma ação do governo brasileiro que, através do SUS (Sistema Único de Saúde), disponibilizará cadeira de rodas sob medida para quem precisar. Vale lembrar que já são oferecidas cadeiras de rodas pelo SUS, mas não sob medida. 

Pode parecer pouco, mas ter uma cadeira feita com as suas medidas é fundamental para uma melhor adaptação e maior mobilidade do cadeirante. Eu tenho cinco anos de lesão e já tive três cadeiras diferentes. A primeira, foi comprada sem as minhas medidas (foi adaptada pelo Sarah), mas como eu possuía poucos movimentos naquela época, a cadeira quase não atrapalhou. Com o passar dos anos, fui recuperando movimentos e a cadeira passou a limitar a minha melhora. Resolvemos trocar por uma nova, desta vez com as medidas exatas do meu corpo. A diferença foi enorme, assim como o preço pago por ela. A diferença de preços entre uma cadeira normal e uma feita sob medida pode ultrapassar, no mínimo, a casa dos dois mil reais.

Segundo o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, as cadeiras sob medida serão distribuídas e adaptadas as necessidades específicas de cada pessoa a partir do início de 2012. “As cadeiras sem adaptação, nem sempre são adequadas ao cidadão portador de deficiência física. Com as adaptações, eles poderão ter mais conforto ao se locomover”, disse o ministro. A esperança do governo é justamente essa, que a medida facilite a vida dos cadeirantes. Bom, cadeiras adaptadas e individualizadas é uma ótima medida, agora só falta começarem a adaptar as ruas do país para possibilitarem que os deficientes usem as novas cadeiras.

Dados divulgados pelo ministério demonstram que apenas em 2011, foram investidos mais de 22 milhões de reais na distribuição de aproximadamente 37 mil cadeiras. Até o final do ano, mais 11 milhões serão investidos e cerca de 19 mil cadeiras distribuídas. O número impressiona positivamente, não acha? Até poderia, se não fosse outro número divulgado pelo mesmo ministério da saúde. Segundo ele, até o fim do ano, estipula-se que 75 mil pessoas precisarão de cadeiras de rodas, número muito maior do que as 19 mil cadeiras que serão fornecidas.

Já publiquei diversas vezes os dados a respeito de quantos deficientes existem no Brasil, e continuarei divulgando para quem sabe um dia conseguir demonstrar a enormidade de pessoas com algum tipo de deficiência no país. O Censo de 2010 (contraditório na minha opinião), afirma que no Brasil, 24,5 milhões de pessoas são portadoras de algum tipo de deficiência (14,5% da população). Desse total, 48% possuem deficiência visual, 23% motora, 17% auditiva, 8% mental e 4% física.

Cada vez que eu leio esses dados demonstrando a quantidade de pessoas deficientes no Brasil fico revoltado com o nosso atraso. Aqui, a cada mês, 300 pessoas ficam deficientes, enquanto nos Estados Unidos também são 300, mas por ano. O porque da minha revolta? Simplesmente porque a maioria dessas pessoas, sofrem acidentes de trânsito ou são atingidas por armas de fogo. Problemas completamente solucionáveis se a quantidade de dinheiro público investido em educação, saúde e segurança fosse maior e melhor utilizado. Enquanto isso não ocorre, o governo vai continuar se vendo obrigado a remediar a situação, comprando cadeiras de rodas por exemplo, mas a fonte real do problema continuará existindo. 

"A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta". 

Nelson Mandela.