segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Falta de educação

Desrespeito. Mais uma vez, infelizmente, é com esta palavra que começo a descrever mais um fato nesta minha saga de cadeirante. Sair de casa, para qualquer simples passeio, tem se tornado muito mais que uma aventura, as vezes é uma verdadeira aula, uma aula de como ser mal educado. Reclamar da falta de acessibilidade no Brasil já virou rotina, e algo tão comum, que ao invéz de tomarem providências, as autoridades fazem pouco caso.

Ao sair para almoçar com amigos, não imaginava o desfecho do passeio. Até porque, no restaurante, a acessibilidade e respeito só não foi perfeita por um pequeno detalhe. Detalhe esse que é comum de se ver nas vagas reservadas aos deficiêntes. Para evitar que as pessoas desrespeitem e estacionem no espaço reservado as pessoas com deficiência, alguns comerciantes ou até mesmo o Detran, colocam cones e/ou cavaletes para impedir o acesso. Quando existe um manobrista ou alguma pessoa vigiando o local, tudo bem. Assim que o carro chega o vigia auxilia e retira o cone. Mas muitas vezes não existe ninguém, o que dificulta, e muito, quando o próprio deficiente é o motorista e está sozinho. Afinal, quem irá retirar o obstáculo? Ainda no restaurante, peço desculpa por ter esquecido de checar se o banheiro era acessível, nas próximas não esquecerei.

Porém, o verdadeiro problema e a falta de respeito ocorreu em um dos principais pontos turísticos de Brasília, a Torre de TV. Inaugurada em abril deste ano e orçada em mais de R$ 30 milhões, a nova, sim, a NOVA feira da torre, já apresenta alguns problemas com a acessibilidade. Ao sair do estacionamento, não encontrei nenhuma rampa de acesso para a calçada. Se ela existe, deveria ser melhor sinalizada.

"Escalado" o meio fio, a calçada, apesar de não ser lisa, é boa para se empurrar uma cadeira de rodas. Algumas inclinações e as mercadorias, expostas pelos feirantes em cima da calçada, dificultam um pouco o acesso, mas perto de tantos problemas, este quase passa desapercebido. Aliás, vale chamar a atenção para um outro problema. O chão estava cheio de lixo, garrafas, panfletos, latinhas... Além da poluição visual, o lixo se torna mais um obstáculo para a cadeira. Eu estava achando tudo um absurdo, mas ao procurar e achar uma lixeira, me deparei com ela transbordando, completamente cheia. Aí fica realmente impossível, um completo descaso e abandono.

Também não percebi nenhuma sinalização para os cegos nas calçadas. Estou pedindo muito? Não, não e não. Isso é lei, é obrigação e faz parte do direito básico de ir e vir de cada cidadão. No DF, existe a Lei nº 3.939/2007, que institui o Estatuto do Portador de Necessidades Especiais (PNE). O regulamento prevê ações que tratam da acessibilidade em prédios públicos e uma política de capacitação de profissionais especializados. Agora só falta colocar ela na prática.

Apesar de tudo, a pior parte do passeio foi quando resolvemos subir no mirante da torre. O acesso da feira para o elevador, simplesmente inexiste. Tivemos que ir para o meio da pista, junto com os carros (que não fazem a menor questão de diminuir para dar passagem). Ao chegar no elevador, e me deparar com uma fila enorme, resolvi fazer um teste. Entrei no final da fila e fiquei esperando normalmente para ver a reação das pessoas. A ideia era ver quantas pessoas me mandariam passar para frente, conforme a lei que prevê a preferência. Resultado? NENHUMA. Se dependesse disso, estaria até agora aguardando, e olha que tinham pelo menos umas 50 pessoas na frente. Neste tempo em que esperei na fila, policiais e seguranças da torre passaram por mim e também não tomaram nenhuma providência.

Após esperar na fila e finalmente conseguir subir, para descer, fiz o mesmo teste, e lá fiquei novamente, sem ninguém se manifestar. Para piorar, quando chegou a minha vez, uma família inteira furou a fila na cara dura, bem na minha frente. Quando meu amigo chamou a atenção mostrando a fila, o cara, além de não gostar, não deu a mínima atenção e avançou na frente da cadeira, dificultando ainda mais o acesso. Simplesmente inacreditável.

Jamais irei generalizar, continuo acreditando que existe muita gente educada e que respeita a lei. Acho até que essas pessoas são a maioria, apenas não as estou encontrando. Irei continuar alertando e divulgando os fatos ocorridos, sejam eles negativos ou positivos. Enquanto isso vou exercitando, diariamente, a minha paciência.

"A esperança não é um sonho, mas uma maneira de traduzir os sonhos em realidade. "
Cardeal Suenens

Um comentário:

Fabi disse...

Oi!!!
Estranhos são aqueles que respeitam os demais e são cordiais... Lembro que quando estava grávida (de barrigão) ia no banco e NUNCA ninguém me deu preferência (ainda não existiam as senhas preferenciais na época)... Eu ficava lá, de pé, esperando como todo mundo... Mas o fato de ficar em pé não me encomodava, já que eu era uma grávida saudável e me sentia muito bem obrigada, o encômodo mesmo era com a falta de respeito e consideração.
Uma vez deixei um senhor passar na minha frente na fila e ele ficou me olhando, como se eu fosse um E.T.!! Tadinho, não tava acostumado!!

O povo brasileiro ainda tem muito a aprender no quesito EDUCAÇÃO e RESPEITO!!

Bjão!!