Há cerca de um ano fiquei sabendo que o Pearl Jam faria um show em Porto Alegre. Minha banda favorita no estádio do meu time, a combinação perfeita. Prontamente comprei ingressos e apenas aguardei a data chegar. No último dia 11, lá fui eu para o show. Como já havia ido inúmeras vezes a jogos do Grêmio, sei bem que o estádio é completamente acessível, com vagas de estacionamento, banheiros... tudo perfeito. Sempre que fui, tudo funcionou 100% bem. Jamais tive dificuldades. Porém, jogos são organizados pelo clube, ao contrário dos shows e aqui vale o alerta.
Ainda na época em que comprei os ingressos, tentei adquiri-los numa área onde sempre vou para ver os jogos, pois sabia que era um espaço perfeito e destinado para cadeirantes. O preço naquele setor era de R$ 300. Salgado, mas como era uma área ideal para cadeirantes, comprei, mesmo sem saber se no show, aquela seria uma das áreas destinadas aos portadores de necessidades especiais.
Um funcionário até se deu conta do absurdo que seu colega havia nos pedido e tentou "burlar" a regra e me levar ao setor que era ali ao lado, afinal estávamos há menos de 50 metros do lugar marcado nos ingressos. Porém, não teve jeito, a regra estúpida e absurda prevaleceu e lá fomos nós. Saímos do estacionamento e enfrentamos a multidão (vocês não fazem ideia como é ruim andar com uma cadeira de rodas no meio de milhares de pessoas indo e vindo pra todos os lados). Mesmo assim, subimos a rampa e ao chegar no andar de cima logo apresentamos os ingressos a um fiscal e adivinhem o que nos disseram? "Não, senhor. Vocês tem que descer, a entrada para este setor é lá por baixo".
Como paciência tem limite, expliquei o ocorrido e disse que agora eu entraria por ali nem que fosse o último ato da minha vida. Não estava disposto a andar sequer um metro para procurar outra entrada. Ou entrava por ali ou eles veriam pela primeira vez a Pomba Gira baixar num cadeirante. Após informá-los disso, o desespero ficou visível no rosto dos desorganizadores do evento, walk talkies a todo vapor e uma correria que não acabava mais. Um bombeiro que fazia a segurança do evento logo viu a confusão, se aproximou e resolveu tomar as minhas dores. Se propôs a ajudar e disse que era pra ficar tranquilo que eu iria entrar por ali mesmo.
Após meia hora finalmente me deixaram entrar, na verdade o bombeiro, indignado, quase que me fez entrar a força, saiu empurrando a cadeira sem muitas explicações. Porém, como meus ingressos eram para a pista, eles obviamente não foram aceitos nas catracas em que estávamos, que por uma incrível coincidência eram as do setor de R$ 300 que eu queria ter ficado e não me deixaram comprar. Resultado, ao entrar por ali, obviamente não havia como eu descer para a pista (sim, também não permitiram que eu usasse os elevadores), então acabei ficando ali mesmo, num setor bem mais caro e sem usar ingresso algum dos que eu havia comprado.
Ou seja, por uma simples falta de bom senso da organização do show, eles criaram uma enorme confusão e ainda saíram no prejuízo. Eu havia combinado de encontrar com outras pessoas no setor em que deveria ter ficado e infelizmente não foi possível. Tenho certeza que não fui o único a passar por isso. Quanto ao show, foi incrível. Apesar dos pesares, o lugar em que ficamos estava perfeito e tudo deu certo. Porém, com só um pouquinho de boa vontade, tudo teria sido bem mais fácil. Afinal, pouco adianta ter um estádio 100% acessível, com banheiros, rampas, elevadores, mas com pessoas sem o menor preparo para auxiliar e/ou sem saber como utilizar os equipamentos disponíveis.
É fácil fazer as coisas funcionarem, basta querer e ter o mínimo de bom senso.
É fácil fazer as coisas funcionarem, basta querer e ter o mínimo de bom senso.
2 comentários:
Pqp, será que a organização de eventos nunca vai melhorar nesse país sem cultura!?!
Que vergonha, aqui em SP foi a mesma coisa, vi gente perdida e sem a menor ajuda, ninguém sabia de nada.
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